quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Projeto 4 Varas

O fundador e coordenador deste projeto, o psiquiatra e antropólogo, Dr. Adalberto Barreto, em 1988. Ele ensina medicina social na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC). Dr. Adalberto chegou a Quatro Varas através de seu irmão, o advogado Airton Barreto, morador do Pirambu há mais de dez anos e Coordenador do Centro dos Direitos Humanos do Pirambu - amor e justiça. Dr. Airton fundou um centro de atendimento jurídico, localizado no mesmo bairro, destinado às pessoas que têm seus direitos humanos violados.
Inicialmente, Airton mandava moradores do bairro ao Hospital das Clínicas da UFC para os cuidados psiquiátricos de Adalberto e seus alunos. Entretanto, o número de pessoas chegadas do Pirambu começou a aumentar muito e tornou-se inviável continuarem os trabalhos. Dr. Adalberto resolveu, então, transferir seu trabalho para o nascedouro dos problemas, a comunidade.
No primeiro encontro, os direitos humanos reuniam as pessoas vítimas de conflitos e com sofrimento psíquico sob um cajueiro, sentadas no chão, em troncos de árvores, em cadeiras ou mesmo em pé e Dr. Adalberto, com seus alunos, deram início à sessão. Nós não viemos somente curar vocês, viemos também nos curar de nossa alienação universitária. Em seguida, acrescentou: Eu sou psiquiatra e tenho um saber que aprendi na universidade. Cada um de vocês tem o saber de sua vida, de sua cultura, de seus antepassados negros, indígenas ou europeus. Todo mundo é doutor de sua própria vivência. Cada história vivida é uma lição aprendida. Nossa terapia será a partilha desta sabedoria aprendida com nossas vidas.
A primeira sessão contou com a participação de 36 pessoas. Hoje, onze anos depois, participam em média 120 pessoas por sessão semanal às quintas-feiras à tarde. As terapias comunitárias partem de uma situação problema trazido por uma pessoa ou família em crise. Após a exposição do sofrimento, o dirigente lança uma pergunta para o grande grupo para relançar a reflexão. Quem já viveu uma experiência similar e o que tem feito para superá-la? Emergem então do grupo várias opções a partir das vivências pessoais. A função do terapeuta comunitário é apenas suscitar a capacidade terapêutica do próprio grupo. Por isso, não é permitido fazer julgamentos, dar conselhos, fazer sermão ou discurso. Os temas mais freqüentes falam sobre os conflitos familiares, nervosismo, violência doméstica, problemas relacionados com delinqüência juvenil, drogas. Trata-se de um grupo de ajuda mútua, em que cada um dá suporte ao que sofre. A que foi ajudada sente-se melhor, vislumbra uma solução para seus problemas e a que ajudou sente-se prestigiada. É a chamada Terapia Comunitária construindo a teia das relações sociais.
A partir das sessões de terapia comunitária, podiam-se vislumbrar os maiores dramas daquela comunidade; alcoolismo, falta de medicamentos e estresse. E aos poucos foram criados outros espaços para responder a necessidades mais especificas.



OBs: Hoje pela manha fomos visitar o Posto de Saúde 4 varas a trabalho de auditoria e mais uma vez tive a felicidade de curtir a beleza desse espaço.


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