Projeto 4 Varas
O fundador e coordenador deste projeto, o psiquiatra e antropólogo,
Dr. Adalberto Barreto, em 1988. Ele ensina medicina social na Faculdade
de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC). Dr. Adalberto
chegou a Quatro Varas através de seu irmão, o advogado Airton
Barreto, morador do Pirambu há mais de dez anos e Coordenador do
Centro dos Direitos Humanos do Pirambu - amor e justiça. Dr. Airton
fundou um centro de atendimento jurídico, localizado no mesmo bairro,
destinado às pessoas que têm seus direitos humanos violados.
Inicialmente, Airton mandava moradores do bairro ao Hospital das Clínicas
da UFC para os cuidados psiquiátricos de Adalberto e seus alunos.
Entretanto, o número de pessoas chegadas do Pirambu começou
a aumentar muito e tornou-se inviável continuarem os trabalhos. Dr.
Adalberto resolveu, então, transferir seu trabalho para o nascedouro
dos problemas, a comunidade.
No primeiro encontro, os direitos humanos reuniam as pessoas vítimas
de conflitos e com sofrimento psíquico sob um cajueiro, sentadas
no chão, em troncos de árvores, em cadeiras ou mesmo em pé
e Dr. Adalberto, com seus alunos, deram início à sessão.
Nós não viemos somente curar vocês, viemos também
nos curar de nossa alienação universitária. Em seguida,
acrescentou: Eu sou psiquiatra e tenho um saber que aprendi na universidade.
Cada um de vocês tem o saber de sua vida, de sua cultura, de seus
antepassados negros, indígenas ou europeus. Todo mundo é doutor
de sua própria vivência. Cada história vivida é
uma lição aprendida. Nossa terapia será a partilha
desta sabedoria aprendida com nossas vidas.
A primeira sessão contou com a participação de 36 pessoas.
Hoje, onze anos depois, participam em média 120 pessoas por sessão
semanal às quintas-feiras à tarde. As terapias comunitárias
partem de uma situação problema trazido por uma pessoa ou
família em crise. Após a exposição do sofrimento,
o dirigente lança uma pergunta para o grande grupo para relançar
a reflexão. Quem já viveu uma experiência similar e
o que tem feito para superá-la? Emergem então do grupo várias
opções a partir das vivências pessoais. A função
do terapeuta comunitário é apenas suscitar a capacidade terapêutica
do próprio grupo. Por isso, não é permitido fazer julgamentos,
dar conselhos, fazer sermão ou discurso. Os temas mais freqüentes
falam sobre os conflitos familiares, nervosismo, violência doméstica,
problemas relacionados com delinqüência juvenil, drogas. Trata-se
de um grupo de ajuda mútua, em que cada um dá suporte ao que
sofre. A que foi ajudada sente-se melhor, vislumbra uma solução
para seus problemas e a que ajudou sente-se prestigiada. É a chamada
Terapia Comunitária construindo a teia das relações
sociais.
A partir das sessões de terapia comunitária, podiam-se vislumbrar
os maiores dramas daquela comunidade; alcoolismo, falta de medicamentos
e estresse. E aos poucos foram criados outros espaços para responder
a necessidades mais especificas.
OBs: Hoje pela manha fomos visitar o Posto de Saúde 4 varas a trabalho de auditoria e mais uma vez tive a felicidade de curtir a beleza desse espaço.
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