sábado, 16 de abril de 2011


OITENTÃO


Quero que você sinta nestes  versos
gosto de amor,
cheiro de saudade,
uma noite de luar,
estradas compridas,
cavalos soltos a cavalgar.

Há quem se lembre...
de 23 de outubro de 1923?
Nasceu no Corrente Egberto!
em Baixa Grande tempo de menino,
correndo, correndo...
pulando e irradiando alegria
nas areias brancas e nos currais...

Saudosas lembranças...
no Acaraú tempos de rapaz...
as primeiras namoradas,
encontro com amigos:
Manoelito, Carmo, Cadorne, Edmílson e Orzete
e tantos outros...
bate papos, serestas e bailes.

Percorre a memória...
os romances da Eunice, Nenem, Raimundinha,
Mundeca, Lúcia e Terezinha,
até quis morrer de amor pela Ritinha...

Mas de repente !
Numa dessas voltas que a vida dá !
Encontrou na Serra Azul
uma bela moça
olhos azuis,
gosto do jeito dela,
a família mais ainda...
o sonho a fantasia
bateu a porta
e o amor chegou...
adivinhe?
Tiveram filhos...

Agora escute o que vou contar:
na Carnaúbinha toda tardinha
um passeio a cavalo
que não me sai da memória...

Você se lembra da chegada em Antônio Bezerra?
Os anjinhos das coroações
da novena de maio,
os teatrinhos no Patronato,
as quermesses na matriz...

Os meninos cresceram,
hoje todos adultos te amam
como um menino vadio.

Não naufraguei no esquecimento,
não podia esquecer de dizer:
do teu jeito
de homem carente,
trabalhador com jeito de menino,
do grande amor que tens pelos caboclos do sertão.

Não vejo apenas um passado ingênuo
da tua história,
vejo exposto na parede
o retrato antigo da família
onde tantas vezes fitei,
contemplei,
os teus os traços
percebi o que o tempo desfez.

Guarde nesta mensagem
a admiração que sinto por você
meu pais...
oitentão vaidoso
e fogoso...

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